Os pulmões expandem-se e retraem-se durante a respiração com auxílio do espaço pleural. Este espaço virtual fica entre a pleura visceral e a parietal (finas membranas que recobrem a parede interna do tórax e o pulmão) e habitualmente contém uma fina camada de fluido que permite movimentos pulmonares suaves durante a respiração.
A pleura visceral é aderida à superfície pulmonar e forma uma cobertura contínua que segue os contornos pulmonar. A pleura parietal reveste a superfície interna da cavidade torácica. Essa é mais espessa e mais vascularizada em comparação com a pleura visceral e contém fibras nervosas que promovem a percepção da dor.
Derrame pleural é um acúmulo anormal de líquido no espaço pleural. Diversos processos patológicos podem levar ao acúmulo excessivo de líquido. Somente nos Estados Unidos, aproximadamente 1,5 milhão de pacientes são afetados anualmente. O derrame pleural é um marcador de aumento da morbidade e mortalidade em certas populações.
O derrame pleural é diagnosticado por meio de uma combinação de avaliação clínica, exames de imagem e exames laboratoriais, incluindo a análise do líquido pleural. A toracocentese (punção) é tanto diagnóstica quanto terapêutica, em alguns casos, para pacientes com essa condição.
O derrame pleural é classificado de duas formas, conforme a sua composição química:
O aspecto do líquido pleural pode variar de acordo com a causa de seu acúmulo, como por exemplo: líquido linfático (quilotórax), sangue (associado a traumas ou lesões malignas) e pus (devido infecções), conhecido como empiema pleural.
Em resumo: Derrame pleural é conhecido como “Água no Pulmão”, mas esse líquido está preso ao redor do pulmão e não dentro dos pulmões.
O derrame pleural pode ocorrer por vários mecanismos como: produção excessiva, absorção diminuída, aumento da pressão capilar pulmonar, aumento da permeabilidade capilar pulmonar, diminuição da pressão intrapleural, diminuição da pressão oncótica plasmática, obstrução da drenagem linfática pleural, ruptura dos vasos torácicos e os efeitos induzidos por medicamentos. Abaixo na tabela temos algumas causas:
|
Causas de Derrame Pleural |
|
|
Transudato |
|
|
Insuficiência Cardíada Congestiva |
|
|
Embolia Pulmonar |
|
|
Cirrose hepática |
|
|
Diálise Peritoneal |
|
|
Sindrome Nefrótica |
|
|
Hipoalbuminemia |
|
|
Exsudato |
|
|
Infecções bacterianas (pneumonia) |
|
|
Tuberculose |
|
|
Infecções virais (respiratórias, hepáticas e cardíacas) |
|
|
Infecções fúngicas e parasitários |
|
|
Câncer (primário de pulmão, mesotelioma e metástases – pulmão, mama, cólon e ovário) |
|
|
Pancreatite |
|
|
Peritonite |
|
|
Afecções das vias biliares |
|
|
Doença Inflamatória Intestinal |
|
|
Abscessos intra-abdominais |
|
|
Síndrome de Meigs |
|
|
Condições Autoimunes |
|
|
Trauma – sangramento (hemotórax) |
|
|
Líquido linfático (quilotórax) |
|
|
Amiloidose |
|
|
Medicamentoso – hidralazina, procainamida, isoniazida, fenitoína, nitrofurantoína, amiodarona, Dasatinibe |
|
Podem variar desde a ausência de sintomas até a falta de ar no repouso. Outros sintomas como tosse, febre e sinais sistêmicos, ocorrem em casos infecciosos. Em derrames volumosos podem gerar alterações hemodinâmicas. Nos casos inflamatórios há dor torácica à respiração ou à tosse. A dor pleurítica tende a diminuir com o desenvolvimento de um derrame. Pode estar associado a perda de peso ou fadiga em casos oncológicos
Iniciamos a investigação com anamneses, exame físico e exames de imagem, a radiografia de tórax é um excelente estudo de imagem inicial para identificar derrame pleural. É possível identificar derrames pleurais que excedem 200 mL. A ultrassonografia é mais sensível e auxilia na confirmação de um derrame e no planejamento da toracocentese (punção).
Tomografia computadorizada (TC) e oferece informações valiosas sobre as características do fluido, que podem auxiliar no diagnóstico.
Procedimentos invasivos estão disponíveis para investigar derrames exsudativos que produzem resultados incertos em testes diagnósticos não invasivos, incluindo biópsias por agulha fechada e guiadas por imagem, toracoscopia ou cirurgia torácica videoassistida.
O tratamento é focado na identificação e no tratamento da causa que causou o derrame pleural.
A drenagem torácica é indicado para pacientes sintomáticos. Nos pacientes assintomáticos, a toracocentese é realizada como parte do processo diagnóstico, a menos que haja sinais e sintomas de hemorragia ou infecção, nesses casos a indicação é de drenagem torácica. Optamos por drenos de pequeno calibre, pois são tão eficazes quanto drenos maiores e além da facilidade de colocação e ao menor desconforto do paciente. Em alguns casos, a indicação cirúrgica (decorticação toracoscópica) pode ser necessária quando outras medidas falham.
Pacientes com diagnóstico de derrame maligno (câncer) algumas vezes podem necessitar de mais intervenções.
Referências:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448189/#:~:text=Causas%20comuns%20de%20derrame%20pleural,derrame%20pleural%20benigno%20por%20amianto.